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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Carnaval à Porta I

Que ideia a de que no Carnaval as pessoas se mascaram. No Carnaval desmascaram-se.  
(Vergílio  Ferreira)


O Carnaval na grande cidade nunca me agradou mas, a partir de certa altura, os meus pais começaram a ir passar os dias  do carnaval à aldeia, onde esta época do ano era bem diferente, até no nome. Davam-lhe o nome de Entrudo.
E era aí, num meio pequeno, que eu me sentia livre pois éramos quase todos família e então já me davam permissão para andar pela rua com toda a gente. Juntava-me com os outros jóvens,  vestíamos  roupas velhas, colocávamos almofadas no peito e na barriga para parecermos mais gordos e púnhamos uma meia na cabeça, apenas com dois buracos no local dos olhos, para ninguém nos conhecer.
Ali, eu sentia-me feliz pois não havia princesas, nem fadas, nem ciganas, nem minhotas e nem sequer me lembrava mais da menina vestida de espanhola. Éramos todos igualmente feios, desajeitados,  trapalhões, irreverentes e divertíamo-nos de igual modo e de forma espontânea.
Percorríamos as ruas da povoação fazendo grande algazarra e   abríamos as portas das habitações,  pois na altura a chave estava sempre na fechadura, e tirávamos cacos lá para dentro tentando assustar  os  seus proprietários. No entanto, a maior parte das vezes, eles já estavam à espera dos entrudos e riam, batiam palmas e discutiam uns com os outros tentando descobrir quem eram os mascarados. Por vezes até ofereciam comida e bebida, que alguns aproveitavam. Enfarruscávamos quem apanhávamos desprevenido e assustávamos, com paus, aqueles com quem nos cruzávamos. 


Na altura, tudo era pretexto para um bailarico e o entrudo não fugia à regra.
Nos  grupos de foliões, havia sempre quem tocasse algum instrumento e, o dia  acabava sempre  num grande bailarico. Quando não havia quem tocasse, o baile não deixava de se realizar. Rapazes e raparigas dançavam modas de roda, ao som das belas e afinadas vozes que sempre existiram na terra.
Na minha aldeia, hoje quase deserta e envelhecida, já não se brinca ao Entrudo. Resta-nos apenas recordar e divulgar estas e outras tradições para que não caiam no esquecimento. É isso que tento fazer.




Obrigada pela sua visita. Volte sempre.

7 comentários:

Osvaldo disse...

Lourdes;

Se o Carnaval está à porta, então viva o... Entrudo!.

Bom Carnaval.

bjs, Lourdes.
Osvaldo

Helena Teixeira disse...

Olá Lourdes!
Estou a ver que o Açor anda muito animado ;)
Ah,a blogagem da Aldeia começa amanha e o seu texto é postado dia 26.
Uma grande beijoca de Carnaval!

Lena

Unknown disse...

Não gosto muito do Carnaval.
Mas respeito quem aprecie.
Obrigado pela visita amiga.
E seja persistente, quando se quer alguma coisa com a teimosia consegue tudo.
Quando eu comecei também de nada sabia.
Bj
Manuela

Sandra disse...

eSTOU TAMBÉM PARTICIPANDO DA BLOGAGEM DE CARNAVAL. SERÁ NO DIA 12. NÃO APRECIO MUITO, MAS VOU PARTICIPAR..JÁ GOSTEI QUANDO ADOLESCENTE..
o QUE SIGNIFICA OÇOR??
UM GRANDE ABRAÇO AMIGA.
SANDRA

Juliana Sphynx disse...

A frase de abertura é super real!

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Querida amiga Lourdes,

Peço desculpa se não tenho visitado com a regularidade habitual.
Estou muito ocupada de momento e não consigo esticar mais o meu tempo.

Não li o seu post de hoje...mas deixo um beijinho e prometo voltar sempre que possível. Talvez já amanhã.

Flora Maria disse...

Adoro conhecer essas tradições tão diferentes e distantes das que vivi e vivo ainda hoje !

Parece que todos concordam que os Carnavais antigos eram mais puros, alegres e românticos, não é mesmo ?
Beijo