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terça-feira, 12 de outubro de 2010

Lisboa: Animação na Minha Rua

Continuo na minha  rua, onde o movimento diário não era só relacionado com o trabalho. Quase diariamente, passavam os "ceguinhos" tocando concertina  e cantando fados "de faca e alguidar", normalmente com letras dramáticas, descrevendo a trágica vida de algumas mulheres ou então dos  seus "desamores". Vinham acompanhados normalmente por uma pessoa do sexo oposto, ou por uma criança que traziam folhetos com as letras das canções que cantavam, para vender.


- Os "Robertos" -

Outras vezes vinham  os "Robertos" que traziam uma enorme alegria às crianças e eram  uma espécie de fantoches de madeira, que os artistas  manejavam, escondidos entre dois biombos que montavam assim que chegavam ao local do espectáculo. Ao mesmo tempo, dramatizavam cenas falando com vozes alteradas e estridentes.  Quase sempre a cena acabava em pancadaria,  provocando grandes risadas na pequenada.
Outros artistas que apareciam com frequência eram os saltimbancos,  uma espécie de mini-circo cujos artistas actuavam na rua. Havia contorcionistas, equilibristas, palhaços, malabaristas, ilusionistas,...

- Um Saltimbanco -

Era mais um momento em que as crianças se animavam, rindo e batendo muitas palmas. De vez em quando, a actuação era interrompida para dar passagem a algum automóvel, o que provocava o descontentamento geral. Mas, após a passagem do veículo, o espectáculo prosseguia enquanto um dos artistas na esperança  de ser contemplado com umas moedas, passava junto às janelas onde as pessoas assistiam ou dos pais que se encontravam na rua acompanhando os filhos.
Chegados ao mês de Junho, a rua ganhava uma animação diferente. Os Santos Populares eram festejados em toda a Bica e a minha rua  enfeitada com festões e balões coloridos, colaborava na festa.

- Uma Cascata -

As senhoras enfeitavam as janelas com vasos de manjericos; junto à taberna, improvisava-se uma pequena esplanada, onde se vendia caldo verde e  sardinha assada, acompanhados por um copo de três;
os jovens, faziam fogueiras que saltavam em alegre algazarra; as crianças faziam cascatas à porta dos prédios onde moravam, muito bem ornamentadas com os três santos populares e   disputando os peões que desciam a rua, gritando:
- Dê-me um tostãozinho para o Santo António.
E depois havia as marchas populares. O meu bairro era um dos que participava sempre nos concursos e desfiles na Avenida e no antigo Pavilhão dos Desportos, tendo saído várias vezes vencedora, dando azo a grandes festejos no bairro.

- A Marcha da Bica de 2010 -



Nota: As Imagens foram tiradas da Net



Obrigada pela sua visita. Volte sempre.

4 comentários:

Maria Filomena disse...

Maria de Lourdes,
como é bom relembrar essa época que já nao volta mais e da qual a característica que mais se destaca é a inocência.
abraços de Maria Filomena

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Ah, minha amiga, que rua mais encantadora!... que privilégio o seu por ter vivido toda essa alegria, todas essas tradições...
Beijos e um bom dia

Sonhos de Crochê disse...

Olá Maria de Lourdes.
Linda essa rua,no Rio de Janeiro fui num local (para comer uns sardinhas e toicinho do céu que é uma delicia), que lembrar demais essa rua,era um cantinho Português.
Lindo....
bjs
Mary Nilva

armindoalcobia@hotmail.com disse...

Peço muita desculpa, não quero ser desmancha prazeres mas, em Lisboa, eu andei a pedir um tostão para o Santo António, e nunca fiz cascata nenhuma. Nós em Lisboa, fazíamos altares. Cascata é termo da cidade do Porto.